17 de agosto de 2015

Saindo de casa: Um cômodo na favela


Oi pessoal, como vocês estão? Hoje vou contar um pouquinho de como foi meus primeiros meses depois de ter saído da casa dos meus pais. Esse é o primeiro de três (até o momento) posts que vou fazer sobre o assunto.

Tudo começou quando conheci meu namorado, Henrique, estávamos junto há apenas três meses; um se conhecendo e dois namorando (conto em outro post como nos conhecemos). Na época, nós trabalhávamos e estudávamos, coincidentemente trabalhávamos no mesmo shopping e morávamos bem perto um do outro, o que facilitou bastante nosso relacionamento. O shopping em que trabalhávamos era, também, perto de nossas casas e as vezes até combinávamos de chegar lá o mesmo horário, para podermos namorar um pouquinho, depois disso, só nos víamos na hora que íamos almoçar ou quando combinávamos de fumar juntos. Estávamos tentando terminar o ensino médio, ele estava no terceiro ano e eu no segundo. Nosso horário de trabalho era de manhã e estudávamos a noite, o único horário livre que tínhamos para ficarmos juntos, era depois da escola, o que não era muito flexível, pois ambos acordariam cedo no dia seguinte. Mas mesmo assim, ficávamos horas conversando na praça do condomínio onde meus pais moravam e as vezes ficava tarde demais para ele ir embora, então eu insistia para que ele dormisse em casa, mesmo sem a "permissão" dos meus pais. E foi aí que começou a complicar, era uma guerra tentar convencê-los a deixá-lo dormir lá, "nada pessoal", mas eles diziam que eu teria de "merecer" a presença dele em casa. Eu não tinha mais tempo de fazer aquelas trocas de "você faz isso, para ganhar aquilo" que meus pais propunham desde que era adolescente. (Antes que pensem que o Henrique causou brigas entre minha família e eu, foi muito pelo contrário; ele tentava me dizer para ir com calma e eu, na empolgação com o nosso relacionamento, fui querendo tudo na hora e acabei não tendo nada). Eventualmente paramos de estudar, o tempo depois do trabalho ficou só para nós. Claro que nossas famílias não iam deixar barato trocar os estudos pelo namoro, e foi então começaram as "ameaças" de sempre, "se não estudar, não vai mais morar aqui". A convivência com meus pais já não era a das melhores e nem a dele com os avós.
Um dia estávamos sentados no fumódromo do shopping, conversando sobre nossas famílias, quando o Henrique falou que queria sair de casa, porque não agüentava mais os avós o pressionando. Estava ouvindo tudo quieta, apenas digerindo o que ele ia falando e me identificando com a situação. A gente brinca até hoje que eu me convidei para morar com ele, mas foi a verdade, quanto mais ele falava, mais eu tinha certeza de que era aquilo que eu queria. Sem pensar duas vezes, falei que ele não ia passar por isso de novo sozinho e que se fosse para ele sair de casa, eu iria junto. E não deu outra, no dia seguinte (literalmente), já havíamos conseguido um lugar. Uma cliente da loja onde ele trabalhava, estava alugando uma casa na favela atrás do shopping.


A "casa" era um kitnet de um cômodo sem paredes para dividir a cozinha, quarto e a pequena sala que conseguimos montar. O banheiro era o único fechado com paredes. A casa era dentro de um quintal com mais cinco residências parecidas com a nossa, de um lado eram três casas, uma em cima da outra e do outro a mesma coisa. O quintal era mais utilizado para uma família, que ao nosso parecer, fora uma das primeiras a morar ali. Eram dois lances de escadas cansativos, até chegar a nossa porta de alumínio. Ao abrir a porta, já dava de cara com o banheiro, que era um pequeno cubículo do lado da cozinha. Poucos passos depois, havia o espaço que chamávamos de quarto, porque ali era o único lugar que cabia uma cama de casal. Como a estrutura da casa era funilada, depois do quarto, tínhamos uma minúscula sala que cabia uma poltrona encostada na parede, onde tinha uma pequena janela quadrada que dava vista para o quintal e algumas residências ao lado. A casa se localizava dentro de uma das várias vielas paralelas a primeira rua da comunidade, a avenida principal era uma descida ao lado do shopping, a localização era ótima! Podíamos ir trabalhar andando e o percurso demorava apenas 10 minutos. O quintal da casa não era aquela coisa social, que você podia chamar os amigos e fazer um churrasco, sem atrapalhar as outras famílias que moravam ali. Por falta de um lugar coberto e que fosse "privado" apenas para nós, não tínhamos máquina de lavar, lavávamos a roupa uma vez por semana, na casa da minha mãe. Faltavam também, alguns móveis e eletrodomésticos que não cabiam na casa.
Não tínhamos muita liberdade e nem espaço. Era um lugar solitário e meio depressivo, mas foi uma escolha nossa morar lá, queríamos começar por baixo para depois subir sem cair. Foi uma lição que o Henrique e eu aprendemos e somos muito gratos por todas as dificuldades que passamos, porque no final, conseguimos dar a volta por cima.

Beijinhos e comentem ♡

11 comentários:

  1. O-LO-KO! Que coragem escrever tudo isso! D:
    HOJE em dia, quanto tempo juntos você e o Henrique têm? Beijos!!! :***

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  2. Nossa! Que história incrível hein? Tem que ter coragem e muito amor pra fazer isso. Muitas felicidades pra vocês e que vocês consigam conquistar muitas coisas juntos!

    Beijos! ❤
    Blog: www.cerejablack.com
    Layout p/ Blogger e Youtube: www.gessicaalvim.blogspot.com

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  3. Nossa que linda, historia simplesmente perfeita, nem todo mundo tem essa coragem que você teve. Eu desejo que vocês sejam felizes e façam valer a pena, todo o sacrifícios. Amei o post e sua historia. Beijos!
    http://atraspenteadeira.blogspot.com/

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  4. Gratidão! <3

    É difícil ver pessoas se arriscando assim todo dia, ne? Muito comodismo e falta de aventuras.

    Beijinhos.

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  5. Uau! Que história! Vocês dois são muito corajosos, parabéns! Gostei muito do blog e da forma como vc escreve :D. Fiquei apaixonada por esse header lindo hahah <3. Boa sorte para vocês dois e que o amor de vocês cresça cada dia mais viu? Depois conte para nós mais sobre, to curiosa pra saber se vocês se mudaram depois hahah.

    Beijos e sucesso!

    http://rainhadodrama.com/

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    Respostas
    1. Gratidão, Mila.

      Nos mudamos depois, sim! Conto em um post (não lembro qual agora) um resumo de como foi! Ainda vou fazer um post detalhado, mas aí fica para a próxima :)

      Beijinhos.

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  6. Nossa, que história! É difícil conhecer pessoas que conseguem algo depois de batalhar e se esforçar tanto. Parabéns!

    Abraços
    Nathalia do www.nadamecomum.com.br

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    Respostas
    1. E não é mesmo? Sou grata por passar tudo isso, cresci muito.

      Beijinhos.

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Alane, 22 anos e aquariana ao pé da letra. Sou mais criativa de madrugada, gosto de chá morno a qualquer hora do dia e aprendi a me expressar escrevendo. Gosto de números pares e de como as flores caem no Outono. Minha vida mudou muito desde que sai de casa, então decidi criar este blog para repassar minhas experiências e assuntos do cotidiano. Saiba mais ✿

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